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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Medalhista paraolímpica volta a andar após dez anos

Folha de S.Paulo
03/01/2011

A atleta já disputou o Ironman do Havaí - uma das provas mais difíceis do mundo - enquanto deficiente, e agora quer repetir o feito como atleta comum

da Agêcia de Notícias
A holandesa Monique van der Vorst pode dizer que vive, hoje, uma terceira vida. Ex-atleta paraolímpica, aos 26 anos, ela passou no ano de 2010 o que muitos diriam que é impossível: voltar a andar depois de mais de dez anos, quando médicos davam como irreversível uma paralisia nas duas pernas.
A história de superação de Monique começou há 13 anos, quando ela, sonhando em ser uma atleta profissional, torceu o tornozelo jogando hóquei. Após um erro médico, uma simples lesão resultou na paralisia da perna esquerda e, um ano depois, na da direita. "Na época, vi que depois da consulta minha perna ficou roxa e fria. Dias depois parou de fazer qualquer movimento, e nenhum médico conseguiu me explicar o motivo. Minha família tentou tudo o que era possível para eu voltar a andar. Fomos a dezenas de médicos, mas ninguém entendia o que acontecia com minhas pernas", comentou.
Após um grande período deprimida, tentando se adaptar a nova vida, Monique conheceu o esporte paraolímpico, mais precisamente as corridas de cadeira de rodas e o handcycle (corrida de bicicleta onde se pedala com as mãos). Aos 15 anos participou da primeira competição nas modalidades. "Na época, o esporte me deu autoestima. Aprendi a pensar em possibilidades e não em limitações", disse ela.
Com o passar do tempo, Monique não pensava mais em voltar a correr. A atleta aprendeu, com o esporte, a viver com independência. Depois de muito treino, ela conseguiu atingir um de seus objetivos: a medalha nos Jogos Paraolímpicos de Pequim-2008. Em 2008, Monique competiu no handcycle, prova que foi medalha de prata.
Em 2009, ela também foi destaque do Ironman 2009 no Havaí, como uma das poucas atletas da modalidade paraolímpica a completar a prova. O Ironman do Havaí é uma das provas mais difíceis do mundo e consiste em um triatlo de 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida (equivalente a uma maratona).
Na temporada de 2010, Monique começou a preparação para os Jogos de Londres, em 2012. O objetivo era deixar a segunda colocação para trás e conquistar dois ouros. Mas o sonho, novamente, não será possível: dois acidente mudaram a vida da atleta. Um primeiro em março deste ano, quando estava treinando e uma companheira se chocou contra ela. O impacto a fez cair no chão e, surpreendentemente, as pernas reagiram com espasmos. "No começo fiquei muito triste com o acidente porque minha preparação para a temporada tinha sido afetada e temia não poder estar bem nos Jogos de Londres", revelou a ex-atleta.
O outro acidente ocorreu em junho e resultou em um momento único na vida de Monique. Durante o treino, ela foi atingida por um carro e sofreu danos na medula espinhal. Neste momento, as pernas voltaram a formigar e em poucos dias ela já podia senti-las.
No primeiro momento, ter a possibilidade de voltar a andar foi um choque. "Não foi fácil para ela abandonar a possibilidade competir nos Jogos Paraolímpicos. Tivemos que apoia-la muito para fazer esta transição", disse André Gatos, chefe da missão paraolímpica da Holanda.
Os resultados dos exames foram tão fora do comum, que todos os médicos que cuidavam de Monique ficaram surpresos com o novo quadro. "Milhares de pessoas tem lesões na medula espinhal, cada uma com sensações diferentes no corpo. Mas é incomum poder andar de novo", afirma o médico John Ridwell, especializado em lesões da medula espinhal na Universidade de Glasgow.
Em julho, Monique começou a fazer fisioterapia e em dezembro a ex-atleta se emociona por poder dar seus primeiros passos nesta nova vida. "Competir foi uma grande paixão. Agora é difícil porque eu preciso encontrar um novo propósito na vida. Mas sei que vou superar", falou Monique.
Nesta nova fase da vida, a holandesa já tem um novo objetivo também: "Seria um sonho poder participar do Ironman, mas desta vez como uma atleta comum", finalizou.

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