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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Com o corpo em movimento

Kinect, o novo acessório da Microsoft, desperta a atenção de pessoas com Down e Autismo

Diogo Silva
Uma tecnologia que promete revolucionar a forma de interação com os jogos eletrônicos chegou às lojas brasileiras no dia 16 de novembro. Trata-se do Kinect, um acessório para o videogame Xbox 360, da Microsoft, que permite a utilização dos movimentos de todo o corpo para jogar, o que dispensa a necessidade do uso de controles convencionais.
O aparelho possui sensores de movimento e profundidade que realizam o trabalho de traduzir os movimentos corporais em ações nos jogos. Por exemplo, ao dar um passo para o lado, o jogador faz com que o boneco que o representa na tela faça o mesmo movimento.
Entre as muitas notícias envolvendo o lançamento do aparelho, duas se destacam. Nelas, são relatadas experiências de pessoas com autismo ou síndrome de down que conseguiram manter a atenção e interagir com os jogos por meio do Kinect.
O dono do portal norte-americano especializado em games Gaming Nexus, John Yan, publicou um texto em seu site Gaming Nexus onde relata a experiência dele e de seu filho de 4 anos de idade, diagnosticado com autismo, ao experimentarem o aparelho.
De acordo com Yan, os jogos de videogames convencionais acabavam decepcionando seu filho devido à dificuldade dele em operar os controles. Ao colocar o jogo “Rally Ball”, porém, onde o objetivo é bater em bolas para que elas atinjam determinados alvos, a reação de seu filho foi inesperada. “Ele pulava por todos os lados e balançava seus braços e pernas tentando socar as bolas de volta nos blocos. (...) Pela primeira vez, eu pude jogar algo com meu filho e não passar tempo algum com ele ficando frustrado por não conseguir fazer nada, ou ter um personagem travado numa tela. Ele se divertiu com todos os jogos e de fato se deu bem em todos eles. A alegria em seus olhos enquanto ele era capaz de completar as tarefas e se mover pelos menus é algo que eu nunca vou esquecer”, diz Yan em seu relato.
A outra notícia vem do Brasil. O desenvolvedor de sistemas Arilson Carmo, da cidade de Bauru, no interior de São Paulo, postou no site Portal Xbox 360 o envolvimento de seu irmão Adalberto Carmo, de 32 anos, com Síndrome de Down, com o aparelho e o jogo “Rally Ball”.
Ao despedir-se de Arilson, que estava jogando, para ir à escola, Adalberto percebeu que o boneco na tela imitava os seus movimentos. No mesmo momento, ele começou a bater nas bolas virtuais e a interagir com o jogo. Segundo Arilson, a atitude do irmão emocionou toda a família. “Ficamos impressionados com essa tecnologia, que pode vir a ajudar pessoas não só com Síndrome de Down, como também com outras deficiências. Toda vez que meus amigos chegam em casa, eles colocam o jogo e ele chega e joga sem problemas”, diz Arilson.
O desenvolvedor de sistemas também relata o caso de um jovem da região que, por não ter os dedos da mão esquerda, sentia-se isolado dos demais por não conseguir manipular um controle convencional. Com o Kinnect, porém, ele passou a competir de igual a igual com seus amigos. Arilson já sonha com a possibilidade da criação de jogos direcionados especialmente para as pessoas com deficiência. “Imagine um jogo brasileiro, conciliando música, arte e um bom exercício para cada tipo de deficiência conhecida”, comenta Arilson.
Procurada para comentar o assunto, a Microsoft, por meio de sua assessoria, informou que ainda não há uma posição da empresa em relação a esses casos.
A gerente técnica da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo, Marília Costa, demonstrou interesse em levar o aparelho aos atendidos pela entidade. "A nova tecnologia trazida pelos jogos eletrônicos interativos, manipulados sem o uso de controle, como, por exemplo, o Kinect, é uma ferramenta que vem demonstrando uma boa contribuição no desenvolvimento das habilidades e na estimulação da pessoa com deficiência intelectual. No momento, porém, ainda estamos em busca de parceiros a fim de captar recursos, para que possamos propiciar essa experiência também aos atendidos da APAE de São Paulo", diz Marília.

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